Um Tribunal de Zug, na Suíça, admitiu uma ação movida por moradores da ilha indonésia de Pari contra a gigante do cimento Holcim. Pela primeira vez, um tribunal suíço concede legitimidade a uma nação em desenvolvimento para processar uma corporação por danos climáticos. Quatro residentes — Asmania, Arif, Bobby e Edi — buscam compensação e reduções de emissões da maior produtora de cimento do mundo. A Holcim anunciou que apelará da decisão.
A ilha de Pari, a 27 milhas ao norte de Jacarta, sofre inundações recorrentes devido ao aumento do nível do mar, com 11% de sua área de 42 hectares já submersa e risco de desaparecimento total até 2050. Os residentes pedem CHF 3.600 (cerca de US$ 4.500) cada em compensação por danos climáticos, apoio financeiro para medidas de proteção como plantio de manguezais e construção de barreiras, além de cortes drásticos nas emissões da Holcim: 43% até 2030 e 69% até 2040, em relação a 2019.
O caso destaca o impacto climático da indústria do cimento, responsável por 7-8% das emissões globais de CO2. Um relatório do Climate Accountability Institute calcula que a Holcim emitiu mais de 7 bilhões de toneladas de CO2 entre 1950 e 2021 — o dobro das emissões da Suíça no período. Apesar de afirmar compromisso com emissão zero até 2050 e reduções de mais de 50% desde 2015, a empresa argumenta que os tribunais não são o foro adequado para desafios climáticos e não opera fábricas na Indonésia desde 2019.